Autores: Martinho da Vila & João Bosco
Odilê, odilá
O que vem fazer aqui meu irmão
Vim sambar
Ô di lê, ô di lá
Que vem fazer aqui meu irmão
Vim sambar, obá
Entra na corrente
Corpo, mente
Coração, pulmão
Pra junto com a gente viajar
Na energia-som
Que veio de longe atravessou raio e trovão
Pra cair no samba e receber a vibração
Odilê, odilá...
Com a negrada do Harlem Jesus Cristo
Também vem
E pra sair do transe só com sino de Belém
Que faz romaria e procissão, samba também
E quem ta comigo, ta com o povo do além
Odilê, odilá...
Quem samba, se sobe tem combá tem furufim
Teve um olho d´água
E um sorrido de marfim
Se volta beijada é pigmeu ou curumim
Vira um preto velho pra sambar com a gente assim
Odilê, odilá...
Preta velha bate pé, bate colhe levanta pó
Dá marafo pro Odilê e solta logo seu gogó
Odilá de madrugada nem sem viola ta só
Pois ta com axá da velha nega preta sua vó
Odilê, odilá...
Autores: João Bosco, Antônio Cícero & Waly Salomão
Dias sem carinho
Só que não me desespero:
Rango alumínio
Ar, pedra, carvão e ferro.
Eu lhe ofereço
Essas coisas que enumero:
Quando fantasio
É quando sou mais sincero
Desde o fim da nossa história
Eu já segui navios
Aviões e holofotes
Pela noite afora.
Me fissurarm tantos signos
E selvas, portos, places,
Línguas, sexos, olhos
De amazonas que inventei.
Eis a Babilônia, amor,
E eis Babel aqui:
Algo da insônia
Do seu sonho antigo em mim.
Eis aqui
O meu presente
De navios
E aviões
Holofotes
Noites afora
E fissuras
E invenções:
Tudo isso
É pra queimar-se
Combustível
Pra se gastar
O carvão
O desespero
O alumínio
E o coração
Autores: João Bosco & Capinam
Cores do mar
Festa do sol
Vida é fazer
Todo sonho brilhar
Ser feliz
No teu colo dormir
E depois acordar
Sendo seu colorido brinquedo de papel marche
Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer
Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de papel marché.
Autores: João Bosco
Aqui meu irmão
Ela é coisa rara de ver
É jóia do Xá
Retina de um mar
De olhar verde já derramante
- Abriu-se Sézamo em mim!
Ah, meu irmão
Áqualouca tara que tem imã
Mergulha no ar
Me arrasta, me atrai
Pro fundo do oceano que dá
Pra lá de Babá
Pra cá de Ali...
Pedra que lasca seu brilho
E queima no lábio
Um quilate de mel
E que deixa na boca melante
Um gosto de língua no céu
Luz, talismã
Misterioso Cubanacã
Delicia sensual de Maça
Saborosa Manhã...
Vou te eleger
Vou me despejar de prazer
Essa noite o que mais quero é ser
Mil e um pra você.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Cama arruma a cama arruma a cama
Cama arruma a cama arruma a cama
Cana apanha a cana apanha a cana
Cana apanha a cana apanha a cana
Trama arruma a trama arruma a trama
Trama arruma a trama arruma a trama
Tranca arromba a tranca arromba a tranca
Tranca arromba a tranca arromba a tranca
Zanga atiça a zanga atiça a zanga
Zanga atiça a zanga atiça a zanga
Fogo ateia o fogo ateia o fogo
Fogo ateia o fogo ateia o fogo
Ponta afia a ponta afia a ponta
Ponta afia a ponta afia a ponta
Canto apruma o canto apruma o canto
Canto apruma o canto apruma o canto.
os soldados vem buscá
os esclavo do sinhô
é preciso se cuidá
cum ataque do invasor
garra prá lutá
fossa pá cavá
lenha pá acendê
ramo pá cortá
fio pá tecê
arco pá fazê
pedra pá jogá
faca pá amolá
água pá fervê
vamos disfarçar vamos preparar vamos devolver
eh camacana eh camacana eh camacana eh
eh tramatranca eh tramatranca eh tramatranca eh
eh zangafogo eh zangafogo eh zangafogo eh
eh pontacanto eh pontacanto eh pontacanto eh
Autores: João Bosco & Waly Salomão
Eu já esqueci você tento crer
seu nome sua cara seu jeito seu odor
sua casa sua cama seu suor
Eu pertenço à raça da pedra dura
Quando enfim juro que esqueci
quem se lembra de você em mim em mim
não sou eu, sofro e sei
não sou eu, finjo que não sei, não sou eu
Sonho bocas que murmuram
tranço em pernas que procuram, enfim...
Não sou eu, sofro e sei
Quem se lembra de você em mim, eu sei...
Bate é na memória da minha pele
Bate é no sangue que bombeia na minha veia
Bate é no champagne que borbulhava na sua taça
e que borbulha agora na taça da minha cabeça
Eu já esqueci você, tento crer
nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
sugo sempre, busco sempre a sonhar em vão
cor vermelha sua boca
coração.
Autores: João Bosco
Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas.
Autores: João Bosco, Antônio Cícero & Waly Salomão
Dispara um trem bala veloz feito luzes
e integra a estação razão à intuição
Por meio do teu nome ausente em mim reluzes
enquanto um garotinho empurra seu limão
A blitz ali na frente diz que aqui a onda
tá mais pro Haiti do que pro Havaí
Se as coisas nos reduzem simplesmente a nada
de nada simplesmente temos que partir
Que fazer agora?
Dispara o trem bala veloz feito luzes
Uma criança chora?
De nada simplesmente temos que partir
Produzir vibrações rotações girassóis
danças saltos gravitações
Inventar novas metas e setas que vão
disparar novos corações
O céu está nublado?
As nuvens serão tela para o filme que se quer projetar
nas nuvens.