30 de julho de 2016 Artist Image

Bandalhismo – 1980

  • Profissionalismo é isso ai

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Era eu e mais dez num pardieiro
    no Estácio de Sá.
    Fazia biscate o dia inteiro
    pra não desovar
    e quanto mais apertava o cinto
    mais magro ficava com as calças caindo
    sem nem pro cigarro, nenhum pra rangar.
    Falei com os dez do pardieiro:
    do jeito que tá
    com a vida pela hora da morte
    e vai piorar
    imposto, inflação cheirando a assalto
    juntamo as família na mesma quadrilha
    nos organizamo pra contra-assaltar.
    Fizemo a divisão dos trabalhos:
    Mulher - suadouro, trotuá
    Pivete - nas missas, nos sinais
    Marmanjo - no arrocho, pó, chantagem,
    balão apagado, tudo o que pintar.
    E assim reformando o pardieiro.
    Penduramo placa no portão:
    Tiziu, Cuspe-Grosso e seus irmãos
    agora no ramo atacadista
    convidam pro angu de inauguração.
    REFRÃO: Tenteia, tenteia
    com o berro e saliva
    fizemo o pé-de-meia (bis).
    Hoje tenho status, mordomo, contatos,
    pertenço à situação
    mas não esqueço os velhos tempos:
    domingo numa solenidade
    uma otoridade me abraçou.
    Bati-lhe a carteira, nem notou,
    Levou meu relógio e eu nem vi
    - Já não há mais lugar pra amador!
    REFRÃO: Tenteia, tenteia
    com o berro e saliva
    fizemo o pé-de-meia (bis).
    - Ri melhor
    Quem ri impune.

  • Trilha Sonora

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Brilhos de ave-do-paraíso
    e as cintilações de uma cobra
    as filigranas da aranha
    na velha artimanha:
    a face velada
    a presa em veludo
    a doce picada
    o antigo torpor...
    O lento envenenamento por lágrima-licor...
    Curtir rosas negras de estufa,
    chega disso!
    Eu quero outra flor, tesa de juventude,
    o pé delicado, a voz in the mood,
    a língua do mar
    na boca infantil
    os olhos do sol
    no outono de abril...

  • Tal mãe, Tal filha

    Autores: João Bosco

    Tie,tie,tie,tie,tie,tie,tie, lele
    Antes de se arrancar falou que ia a luta
    O filha da adultera minha sogra
    Deus a tenha o terror da Penha, velha desbocada
    Centeralf nas peladas,barba de umbigada
    Ai,o meu drama e que tal mae,tal filha !
    Eu to ficando careca,uma pilha
    Essa mulher e minha urucubaca,o vaca
    Eu ando enchendo o funil de cachaca
    Caio mais que ministro em desgraca
    E ela por ai fumando de piteira
    Fazendo topless em feira,ensaio e gafieira
    Banca a artista, se cruza as pernas e aquela vista
    Mostra mais que em ida ao ginecologista
    Minha santa do pau oco,vais sambar
    Nao tenho mais saco pra te ouvir cascatear
    Vai,o liberada ! Nao fico mais de quatro
    Cortei a verba do teu teatro
    Arranja emprego, compra fiado
    To tirando o time, parei com essa infeliz
    Se o amor ja anda fazendo agua
    Dou a discarga e tampo o nariz

  • Anjo Torto

    Autores: João Bosco & Guerra Baião

    Quem é que é
    O Aleijadinho, quem é?
    O Aleijadinho, quem é?
    (Hum...)
    Quéde o que é
    o anjo torto que é
    o desordeiro da fé?
    (Hum...)
    Ah, quem é
    ah, quem é
    (Hum...)
    Quem é que é
    o santeiro do Mal e do Bem?
    Quem é que é
    o cavalo de Deus e do Trem?
    Ô, onde quem
    - onde aquele que vai me armar?
    Onde será
    Onde estará
    o que vai me ensinar
    amarrado nos ferros soltar
    a minha cor,
    a minha fé,
    o meu horror,
    mas sal e fel,
    a minha dor
    o meu amor...

  • Vitral da 6º estacão (Rocha por ai)

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Ai, Verônica, enxuga
    esse ai no avental:
    lama púrpura e cal
    graxa bile suor...
    Essa borra em teu pano
    é um rosto profano
    na via cachorra
    de um batalhador
    numa de horror.

  • Sai azar!

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Na quina
    da quadra
    o terno
    dos azes
    de ferro
    reis do baralho
    em cruz.

    Batendo
    na incerta
    afim
    de fazer
    nêgo sete
    ir de calção
    pra Jesus.

    Azar
    a mão da ronda quer cortar
    mais um
    por fora
    bagaço
    marginal
    um dois de paus
    coringa...

    Mas ginga uma pipa no céu
    enorme, cor de prata
    estoura um foguete
    um relâmpago
    embaralha as velhas cartas...
    O sete se toca com a pipa
    e arma pras figuras
    bote na pendura:
    encuca peruca
    enfia o da missa
    da "minha comadre"
    a dama é o trunfo
    e ta pro que der
    fechada nas copas
    se manda do jogo
    no blefe do ano:
    o sete fugiu de "porção mulher".

  • 100 anos de Instituto - Anais

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Fazendo anos,
    no sofá-cama,
    eu e você
    fazendo anos
    o Instituto, a Educação
    desfilando na rua...
    Ai, normalista,
    nós dois aqui,
    fazendo anos...
    Minha conquista,
    doce odalisca
    especialista em canto
    orfeônico... hum...
    só d escudinho e meias três quartos
    eu bato retratos com a polaróide
    - mas como é que pode? -
    As unhas roídas,
    olhos escuros de cartomante,
    riso tão puro na fome antiga
    de uma bacante.
    Idade pra ser minha filha,
    maldade pra ser minha amante.

  • Siri Recheado e o Cacete

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Sai com a patroa pra pescar
    no canal da Barra uns siris pra rechear
    siri como ela encheu de me avisar
    era o prato predileto do meu compadre Anescar
    levei arrastão e três puçás
    um de cabo outros dois de jogar
    de isca um sebo da véspera, e pra completar cachaça Iemanjá
    birita que dá garantia de ter maré cheia
    choveu siri do patola, manteiga, azulão, um camaleão,
    no tapa a minha patroa espantou três sereias.
    Na volta ônibus cheio o balde derramou
    em pleno coletivo um gato se encrespou
    o velho trocador até gritou: - não bebo mais!
    Siri passando em roleta, mesmo pra mim é demais!
    De medo o motorista perdeu a direção
    fez um golpe de vista, raspou num caminhão
    pegou um pipoqueiro, um padre, entrou num butiquim
    o português da gerência, quase voltou pra Almerim...
    Quiseram autuar nossos siris
    mas minha patroa subornou a guarnição
    então os cana-dura mais gentis
    levaram a gente e os siris pra casa na Abolição
    depois do "te logo", "um abração"
    fui botar os siris pra ferver
    dentro da lata de banha
    era um tal de chiar, pagava pra ver
    tranqüilo o compadre Anescar colocando o azeite
    foi um trabalho de cão, mas valeu o suor
    croquete, bobó, panqueca, siri recheado, fritada e o cacete.
    O Anescar chegou com uma de alambique
    me perguntou se eu era Mendonça ou Dinamite
    abri uma lourinha, trouxe um prato de croquete
    o Anescar mordeu um, feito que come gilete
    baixou minha patroa: Anesca, que qui há?
    O Anescar gemeu
    ¾ dieta de lascar
    o médico mandou que eu coma tudo que pintar
    até cerveja e cachaça
    menos os frutos do mar.

  • Denúncia Vazia

    Autores: João Bosco

    Esquecer você
    mas o correio traz as cartas
    uma é sua
    guardo sem abrir
    o telefone me assusta
    deve ser você...
    não
    Outro engano feito o nosso
    me visto e saio
    o porteiro tem recado
    é teu!
    não
    Aumentou o condomínio
    é melhor beber
    um carro freia
    alguém buzina
    eu nem olho
    voltam a insistir
    meu deus, a marca
    o mesmo ano
    tem de ser você
    não
    Outro engano feito o nosso
    no bar, um par abraçadinho
    mas não pode ser
    é!
    Quem mandou não ler a carta?

  • Bandalhismo

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Meu coração tem butiquins imundos,
    Antros de ronda, vinte-e-um, purrinha,
    Onde trêmulas mãos de vagabundo
    Batucam samba-enredo na caixinha.

    Perdigoto, cascata, tosse, escarro,
    um choro soluçante que não pára,
    piada suja, bofetão na cara
    e essa vontade de soltar um barro...

    Como os pobres otários da Central
    já vomitei sem lenço e sonrisal
    o P.F. de rabada com agrião...

    Mais amarelo do que arroz-de-forno,
    voltei pro lar, e em plena dor-de-corno
    quebrei o vídeo da televisão.

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