Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Vou-me embora
Porque todo dia
É só mais um dia no rol dos dias
E até a lágrima
Queda estagnada de monotonia
Vou-me embora
Pra que o tempo nos cobre em saudade
O que a vida vale,
Pra que o amor seja o que nos distancia
E não o ódio que nos equivale.
Vou-m embora
Pra que o espelho não nos compare
Vou-me embora
Pra que seja a vida
Ao invés da morte
O que nos separe.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Sempre o teu rosto
Nos meus espelhos,
Teus cães de caça
Nos meus joelhos
E um perfume
Que me mata de ciúme.
Sacerdotisa atormentada
Por ficar ao teu lado
Eu estou possuído
Eu estou condenado.
Mulher perversa,
Não interessa
Que eu enlouqueça nos teus pés
Entre as pulseiras e os anéis.
Meu doce vício,
Meu suicídio.
Martírio e idílio em cada vez
Lua da minha insensatez
Vinho da minha embriaguez.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Ser atriz, ser feliz
Ex-favelada conquista Paris
Jóias, corbéis, gritos de bis
Um gentil homen, que lembre Aramis
Ter sempre carne, licor de Anis
no Balcão
Servem pé, pra um funcionário
pra um operário, pra um otário qualquer o avental azul
os seus sonhos, manchas de café
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Na porta, lentas luzes de néon
Na mesa, flores murchas de crepon...
E a luz grená filtrada entre conversas
Inventa um novo amor, loucas promessas...
De tomara-que-caia
Surge a crooner do norte
- nem aplausos, sem vaia:
Um silêncio de morte.
Ah, quem sabe de si nesses bares escuros,
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros...
No drama sufocado em cada rosto
A lama de não ser o que se quis,
A chama quase morta de um sol posto,
A dama de um passado mais feliz.
Um cuba-libre treme na mão fria
Ao triste strip-tease da agonia
De cada um que deixa o cabaré
Lá fora a luz do dia fere os olhos.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Faces sob o sol, os olhos na cruz
os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã.
Vão levar ao reino dos minaretes
a paz na ponta dos arietes,
a conversão para os infiéis.
Para trás ficou a marca da cruz
na fumaça negra vinda na brisa da manhã.
Ah! Como é difícil tornar-se herói.
Só quem tentou sabe como dói
vencer Satã só com orações.
E-anda pacatárandá
que Deus tudo vê
ê-anda pacatárandá
que Deus tudo vê
e-anda, ê-ora
ê-mandá, ê-matá.
Responderei: ¾ Não!
Dominus, domínio, juros além.
Todos esse anos agnus sei que sou também,
mas, ovelha negra, me desgarrei,
o meu pastor não sabe que eu sei
da arma oculta na sua mão.
Meu profano amor eu prefiro assim:
a nudez sem véus diante da santa inquisição.
Ah, o tribunal não recordará
dos fugitivos de Shangri-lah...
O tempo vence toda ilusão.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Meu coração tropical
está coberto de neve, mas,
ferve em seu cofre gelado
e a voz vibra e a mão escreve: mar.
Bendita a lâmina grave
que fere a parede e trás
as febres loucas e breves
que mancham o silêncio e o cais.
Roseirais! Nova Granada de Espanha!
Por você, eu, teu corsário preso
vou partir a geleira azul da solidão
e buscar a mão do mar,
me arrastar até o mar,
procurar o mar.
Mesmo que eu mande em garrafas
mensagens por todo o mar,
meu coração tropical
partirá esse gelo e irá
com as garrafas de náufrago...
e as rosas partindo o ar!
Nova Granada de Espanha
e as rosas partindo o ar!
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Vou-me embora
Porque todo dia
É só mais um dia no rol dos dias
E até a lágrima
Queda estagnada de monotonia
Vou-me embora
Pra que o tempo nos cobre em saudade
O que a vida vale,
Pra que o amor seja o que nos distancia
E não o ódio que nos equivale.
Vou-m embora
Pra que o espelho não nos compare
Vou-me embora
Pra que seja a vida
Ao invés da morte
O que nos separe.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Me descaderei de tanto xaxá
No bobó de noivado da fia do Ribamar
Vi quando cheguei as moça de lá
Cuzinhando uns inhame com os óio de arrevirá
Buzanfã de flor, chulapa de mel
E a covanca soprando um sussurro descido do céu
Tinha gago, anão, gente de azar
Com a espinhela caída
Pedindo pro inhame estala
Jabaculê, virge, espetacular
Assunto assim às veis é mió calar
Mas des´que eu provei do bobó
Eu to roxo pra comentar
Sanfona, guitarra, batuque, berreiro e veja você
O vira-desvira o caminho da roça e o balance
Inhame e bobó, frango asado, cus-cus e maracujá
Puçanga, cobreiro, retreta, jarguete e tamanduá
Foguete beijando as estrêla e as moça lá
Zé pinguilim, Chico do pincel!
Paqueraro Lazinha que era muié de Xexéu
Serafim três perna resolveu chiá
Pois muié não é farinha que vai pra onde venta
Deu-se um sururú de saculejá
Tudo dando e levando
Enquanto sem se mancar
Pedro gargarejo com a mão no manjar
Preparava um caldinho pra noiva gargareja
Jabaculê,...
Fui acudi um que tava no chão
Tomei uma no ouvido de adevorvê o pirão
Foi um cimitério, foi um carnaval
De paixões confundidas quem é que tira a moral
Pra ser sem-vergonha, basta ser decente
E quem vende saúde, possivelmente é doente
Foi-se o que era doce, ninguém quer contar
Quanto macho afinou-se na festa do Ribamar.
Autores: João Bosco & Aldir Blanc
Tira a poeira das reminiscências
Simplicidade e lamento, jamais
Pérolas, língua de preto, cadência
Mágoas, cristal, pedacinho do céu
Murmurando, ingênuo, migalhas de amor
Saxofone, me diz, porque choras
Ai carinhoso e brejeiro, o chorinho Odeon
Nas noites cariocas
Naquele tempo, chorei, vou vivendo
Nosso romance ainda me recordo
Flor amorosa, apanhei-te, assanhado
Numa seresta de sapato novo
Eu vascaíno, um a zero
Entre mil vibrações, Ademilde no choro.
Autores: João Bosco, Cláudio Tolomei & Aldir Blanc
Verde que te quiero oro
Bandeiras removendo a terra
Esmeralda que aguarda agora
No riacho além de Tordesilhas.
É...
Fernão se apaixonou como um selvagem
Pela sereia do sertão, na água.
Imagem virgem,
Miragem esverdeada ao sol.
No mel das abelhas e nos frutos
O gosto dela, a febre da paixão
Fernão se esmerava na conquista
De Esmeralda, inferno de Fernão.
E um dia...
Num fusca duas portas, dois amantes:
Fernão louco, Esmeralda desvairada
¾ o enleio dos delirantes
No Recreio dos Bandeirantes.