18 de setembro de 2017 Artist Image

Songbooks II

  • Nação - Simone e João bosco

    Autores: João Bosco, Paulo Emílio & Aldir Blanc

    Dorival Caymmi falou para Oxum:
    com Silas tô em boa companhia.
    O Céu abraça a Terra,
    deságua o Rio na Bahia.

    Jeje
    minha sede é dos rios
    a minha cor é o arco-íris
    minha fome é tanta
    planta florimã da bandeira
    a minha sina é verdeamarela
    feito a bananeira.

    Ouro cobre o espelho esmeralda
    no berço esplêndido,
    a floresta em calda,
    manjedoura d´alma
    labarágua, sete queda em chama,
    cobra de ferro, Oxum-Maré:
    homem e mulher na cama.

    Jeje
    tuas asas de pomba
    presas nas costas
    com mel e dendê
    aguentam por um fio.

    Sofrem
    o bafio da fera,
    o bombardeiro de caramuru,
    a sanha de Anhanguera.

    Jeje
    tua boca do lixo
    escarra o sangue
    de outra hemoptise
    no canal do Mangue.

    O uirapuru das cinzas chama:
    rebenta a louca, Oxum-Maré:
    dança em teu mar de lama.

  • Odilê, odilá - Gilberto Gil

    Autores: Martinho da Vila & João Bosco

    Odilê, odilá
    O que vem fazer aqui meu irmão
    Vim sambar
    Ô di lê, ô di lá
    Que vem fazer aqui meu irmão
    Vim sambar, obá
    Entra na corrente
    Corpo, mente
    Coração, pulmão
    Pra junto com a gente viajar
    Na energia-som
    Que veio de longe atravessou raio e trovão
    Pra cair no samba e receber a vibração
    Odilê, odilá...
    Com a negrada do Harlem Jesus Cristo
    Também vem
    E pra sair do transe só com sino de Belém
    Que faz romaria e procissão, samba também
    E quem ta comigo, ta com o povo do além
    Odilê, odilá...
    Quem samba, se sobe tem combá tem furufim
    Teve um olho d´água
    E um sorrido de marfim
    Se volta beijada é pigmeu ou curumim
    Vira um preto velho pra sambar com a gente assim
    Odilê, odilá...
    Preta velha bate pé, bate colhe levanta pó
    Dá marafo pro Odilê e solta logo seu gogó
    Odilá de madrugada nem sem viola ta só
    Pois ta com axá da velha nega preta sua vó
    Odilê, odilá...

  • O cavaleiro e os moinhos - Ivan Lins

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Acreditar
    Há existência dourada do sol
    mesmo que em plena boca
    nos bata o açoite contínuo da noite.
    Arrebentar
    a corrente que envolve o amanhã,
    despertar as espadas,
    varrer as esfinges das encruzilhadas.
    Todo esse tempo
    foi igual a dormir num navio:
    sem fazer movimento,
    mas tecendo o fio da água e do vento.
    Eu, baderneiro,
    me tornei cavaleiro,
    malandramente,
    pelos caminhos.
    Meu companheiro
    tá armado até os dentes:
    já não há mais moinhos
    como os de antigamente.

  • Kid Cavaquinho - Beth Carvalho

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Oi que foi só pegar no cavaquinho
    Pra nego bater
    Mas seu contar o que é que pode um cavaquinho
    Os home não vão crer:
    Quando ele fere, fere firme
    E dói que nem punhal
    Quando ele invoca até parece
    Um pega na geral
    Genésio!
    A mulher do vizinho
    Sustenta aquele vagabundo
    Veneno é com meu cavaquinho
    Pois se eu to com ele
    Encaro todo mundo
    Se alguém pisa no meu calo
    Puxo o cavaquinho
    Pra cantar de galo

  • Flor de ingazeira - Elba Ramalho

    Autores: João Bosco & Francisco Bosco

    Do seu amor todos os males já sofri
    Na água-seca da insônia eu bebi
    Perdi a fome de tanto comer a dor
    Sol que persegue o retirante aonde for

    Seu amor
    Areeiro
    Seu amor
    Mossoró, Juazeiro
    Seu amor
    Aonde for

    No mapa das manhãs paradas do amor

    Cariri
    Cumeeira
    Seu amor
    Caicó, flor de ingazeira
    Seu amor

    Os dias mancos vão caindo no chão
    As horas cantam sempre o mesmo bordão
    Quem responde essa simples questão:
    Quantos dentes terei que beijar
    Pra que um dia do gosto dos lábios
    Possa desfrutar

    Do seu amor todos os males já sofri
    Do seu amor só seu amor não conheci

  • Bodas de prata - Zé Renato, Marco Pereira

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Você fica deitada
    De olhos arregalados
    Ou andando no escuro de penhoar
    Não adiantou nada
    Cortar os cabelos e jogar no mar
    Não adiantou nada o banho de ervas
    Não adiantou nada o nome de outra
    No pano vermelho
    Pro anjo das trevas
    Ele vai voltar
    Cheirando a cerveja,
    Se atirar de sapato na cama vazia
    E dormir na hora murmurando: Dora...
    Mas você é Maria
    Você fica deitada
    Com medo de escuro
    Ouvindo bater no ouvido
    O coração descompassado
    ¾ é o tempo, Maria, Te comendo
    Feito traça num vestido de noivado.

  • Miss sueter - Edson Cordeiro

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Fascínio tenho eu
    por falsas ouras
    (ai, a negra lingerie),
    com sardas,
    sobrancelha feita à lápis
    e perfume da Coty.
    Na boca,
    dois pivots tão graciosos
    entre jóias naturais
    e olhos tais minúsculos aquários
    de peixinhos tropicais.
    Eu conheço uma assim,
    uma dessas mulheres
    que um homem não esquece.
    Ex-atrix de tv,
    hoje é escriturária do INPS,
    e que, dias atrás,
    venceu o Concurso de Miss Sueter.
    Na noite da vitória,
    emocionada, entre lágrimas falou:
    - "nem sempre a minha vida foi tão bela,
    mas o que passou, passou...
    dedico esse título a mamãe
    que tantos sacrifícios fez,
    pra que eu chegasse aqui, no apogeu,
    com o auxílio de vocês".
    Guardarei para sempre
    seu retrato de miss, com cetro e coroa,
    com a dedicatória que ela,
    em letra miúda, insistiu em fazer:
    "pra que os olhos relembrem,
    quando o teu coração infiel esquecer".
    Um beijo. Margô.

  • Transversal do tempo - Sandra Sá, Antonio Adolfo

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    As coisas que eu sei de mim
    são pivetes da cidade:
    pedem, insistem e eu
    me sinto pouco a vontade.
    Fechado dentro de um táxi,
    numa transversal do tempo,
    acho que o amor é a ausência
    de engarrafamento.
    As coisas que eu sei de mim
    tentam vencer a distância
    e é como se aguardassem,
    feridas, numa ambulância.
    As pobres coisas que eu sei
    podem morrer, mas espero
    como se houvesse um sinal
    sem sair do amarelo.

  • Agnus sei - Dory Caymmi

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Faces sob o sol, os olhos na cruz
    os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã.
    Vão levar ao reino dos minaretes
    a paz na ponta dos arietes,
    a conversão para os infiéis.
    Para trás ficou a marca da cruz
    na fumaça negra vinda na brisa da manhã.
    Ah! Como é difícil tornar-se herói.
    Só quem tentou sabe como dói
    vencer Satã só com orações.
    E-anda pacatárandá
    que Deus tudo vê
    ê-anda pacatárandá
    que Deus tudo vê
    e-anda, ê-ora
    ê-mandá, ê-matá.
    Responderei: ¾ Não!
    Dominus, domínio, juros além.
    Todos esse anos agnus sei que sou também,
    mas, ovelha negra, me desgarrei,
    o meu pastor não sabe que eu sei
    da arma oculta na sua mão.
    Meu profano amor eu prefiro assim:
    a nudez sem véus diante da santa inquisição.
    Ah, o tribunal não recordará
    dos fugitivos de Shangri-lah...
    O tempo vence toda ilusão.

  • De frente para o crime - Tunai, Wagner Tiso

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Ta lá o corpo estendido no chão
    Em vez de rosto uma foto de um gol
    Em vez de reza uma praga de alguém
    E um silêncio servindo de amém
    O bar mais perto depressa lotou
    Malandro junto com trabalhador
    Um homem subiu na mesa do bar
    E fez discurso pra vereador
    Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato
    E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
    Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
    E a moçada resolveu parar e então...
    Ta lá o corpo estendido no chão
    Em vez de rosto uma foto de um gol
    Em vez de reza uma praga de alguém
    E um silêncio servindo de amém
    Sem pressa foi cada um pro seu lado
    Pensando numa mulher ou num time
    Olhei o corpo no chão e fechei
    Minha janela de frente pro crime
    Veio camelô vender anel, cordão, perfume barato
    E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
    Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
    E a moçada resolveu parar e então...
    Ta lá o corpo estendido no chão

  • Escada da Penha - Dudu Nobre

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Nas escadas da Penha
    Penou no cotoco de vela
    Velou a doideira da chama
    Chamou o seu anjo-de-guarda
    Guardou o remorso num canto
    Cantou a mentira da nega
    Negou o ciúme que mata
    Matou o amigo de ala.
    Tá lá
    Tá lá o valete
    No meio das cartas
    No jogo dos búzios,
    Tá lá no risco da pemba,
    No giro da pomba,
    No som do atabaque,
    Tá lá.
    E tá no cigarro, no copo de cana
    Na roda de samba, tá lá
    Nos olhos da nega na faca do crime
    No caco do espelho no gol do seu time...
    Tá lá o amigo de ala
    O amigo de ala
    Matou o ciúme que mata
    Negou a mentira da nêga
    Cantou o remorso num canto
    Guardou o seu anjo-de-guarda
    Chamou a doideira da chama
    Velou no cotoco da vela
    Penou nas Escadas da Penha

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