Autores: João Bosco, Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda & Oswald de Andrade
No Pão de Açúcar
De cada dia
Dai-nos Senhor
A poesia
De cada dia
Quem rezou, rezou
Quem não rezou, não reza mais
Há tantos mil Corcovados no cais
Cada um carrega um Cristo
E muitos Carnavais
Luxo, miséria, grandeza, conflito e paz
Diante da pedra são todos iguais
No Pão de Açúcar...
Joaquim José me chamou prum canjerê
Sambalelê nas Escadas da Sé
Se o Bispo deixar Jesus não se ofender
O pessoal vai fazer um pagodespell
E aí vai ser sopa no mel
No Pão de Açúcar...
No baile da corte
Foi o Conde D"Eu quem disse
Para Dona Benvinda:
Que farinha se suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É come e bebe, pita e cai
Dá licença, dá licença meu Senhor.
Autores: João Bosco
No meio do forró vi um tereré
E se o mano Zé, aguenta o pagode todo mundo pode
ficou o Teixeira, quem não tem peixeira pisa no pé
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! ...
Foi quando eu vi a dona Zezé
A mulher que é diz que topa parada que sai amarrada
Fazer um cocó, e dizer que eu brigo com o cabra "canaia"
Puchou da navaia entrou no forró
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! ...
E que sou do morro
Não choro não corro, não peço socorro quando acho ar
Gosto de sambar, da ponta da faca
Sou nego de raça não quero apanhar
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! Oh! ...
Eu fui pra Limoeiro e gostei do forró de lá
Vi um caboco brejeiro tocando a sanfona entrei no foá
Autores: Ismael Silva, Nilton Bastos & Fco. Alves
Se você jurar que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é para fingir, mulher
A orgia assim não vou deixar
(Se você)
Muito tenho sofrido
Por minha lealdade
Agora estou sabido
Não vou atrás de amizade
A minha vida é boa
Não tenho em que pensar
Por uma coisa à toa
Não vou me regenerar
A mulher é um jogo
Difícil de acertar
E o homem como um bobo
Não se cansa de jogar
O que eu posso fazer
É se você jurar
Arriscar a perder
Ou desta vez então ganhar
Autores: João Bosco
Meu pai grande Inda me lembro
E que saudade de você
Dizendo: eu já criei seu pai
Hoje vou criar você
Inda tenho muita vida pra viver
Meu pai grande Quisera eu
ter graça pra contar
A história dos guerreiros
Trazidos lá do longe
Trazidos lá do longe
Sem sua paz
De minha saudade vem você
contar
De onde eu vim minas
É bom lembrar
Todo homem de verdade
Era forte e sem maldade
O dia vai O dia vem
Todo filho seu Seguindo os passos
E um cantinho pra morrer
Pra onde eu vim
Não vou chorar
Já não quero ir mais embora
Minha gente é essa agora
Se estou aqui Eu trouxe de lá
Um amor tão longe de mentiras
Quer a quem quiser me amar
Tico-Tico
Tico-Tico
O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer umas minhocas no pomar
Tico-Tico
O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que vá comer umas minhocas no pomar
Mas por favor, tire esse bicho do seleiro
Porque ele acaba comendo o fubá inteiro
E nesse tico de cá, em cima do meu fubá
Tem tanta coisa que ele pode pinicar
Eu ja fiz tudo para ver se conseguia
Botei alpiste para ver se ele comia
Botei um gato, um espantalho e alçapão
Mas ele acha que fubá é que é boa alimentação
O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que va comer é mais minhoca e nao fubá
Tico-Tico
O Tico-Tico tá
Tá outra vez aqui
O Tico-Tico tá comendo meu fubá
O Tico-Tico tem, tem que se alimentar
Que va comer é mais minhoca e nao fubá
Autores: Tom Jobim e Newton Mendonça
Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de antimusical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa nova, isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Roleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua músi-ca esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados no fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados também bate um coração
Autores: Gilberto Gil
Começou a circular
O Expresso 2222
Que parte direto
De Bonsucesso
Pra depois
Começou a circular
O Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto
De Bonsucesso
Pra depois do ano 2000
Dizem que tem
Muita gente de agora
Se adiantando
Partindo pra lá
Pra 2001 e 2
E tempo afora
Até onde essa estrada
Do tempo vai dar
Do tempo vai dar
Do tempo vai dar
Menina, do tempo vai
Segundo
Quem já andou
No Expresso
Lá pelo ano 2000
Fica a tal
Estação final
Do percurso-vida
Na terra-mãe
Concebida
De vento, de fogo
De água e sal
De água e sal
De água e sal
Ô, menina
De água e sal
Dizem que parece
O bonde do morro
Do Corcovado daqui
Só que não se pega
E entra
E senta e anda
O trilho é feito
Um brilho
Que não tem fim
Oi, que não tem fim
Que não tem fim
Ô, menina
Que não tem fim
Nunca se chega
No Cristo concreto
De matéria
Ou qualquer coisa real
Depois de 2001 e 2
E tempo afora
O Cristo é como quem
Foi visto
Subindo ao céu
Subindo ao céu
Num véu
De nuvem brilhante
Subindo ao céu
Autores: Ary Barroso
Na tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi
Carurú
Mungunzá, oi
Tem umbú
Pra ioiô
Se eu pedir você me dá
O teu coração
Teu amor de iaiá
No coração da baiana tem
Sedução, oi
Carjerê, oi
Ilusão, oi
Candomblé pra você
Juro por Deus
Pelo Senhor do Bonfim
Quero você
Baianinha
Inteirinha pra mim
E depois
O que será de nós dois?
Seu amor é tão fugaz
Enganador
Tudo já fiz
Fui até no canjerê
Pra ser feliz
Meus trapinhos juntar com você
E depois
Vai ser mais uma ilusão
No amor
Quem governa é o coração
Autores: Dorival Caymmi
Quem quisé vatapá, ô
Que procure fazê
Primeiro o fubá
Depois o dendê
Procure uma negra baiana
Que saiba mexê
Que saiba mexê
Que saiba mexê
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta-malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala o coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, Iaiá
Na hora de temperar
Não parar de mexê, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil-réis
E uma negra, ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Autores: Noel Rosa
Mu...mu...mulher em mim fi...fizeste um estrago
Eu de nervoso esto..tou fi...ficando gago
Não po...posso com a cru...crueldade da saudade
Que...mal...maldade, vi...vivo sem afago
Tem...tem pe...pena deste mo...mo...moribundo
Que...que já virou va...va...ga...gabundo
Só...só...só...só... por ter so...so...fri...frido
Tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...
Tu tens um co...coração fingido!
Teu...teu co...coração me entregaste
De...de...pois...pois de mim tu to...toma...maste
Tu...tua falsi...si...sidade é profu...funda
Tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu...tu
Tu vais fi...ficar corcunda!
Autores: Heitor Villa-Lobos & Dora Vasconselos
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm o espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que dorme na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar
Autores: Ary Barroso
Ô, nossas praias são tão claras
Nossas flores são tão raras
Ô, nossas fontes, nossas ilhas e matas
Nossos montes, nossas lindas cascatas
Deus foi quem criou
Ô, ô
Ô minha terra brasileira
Ouve esta canção ligeira,
Que eu fiz quase louco de saudade, Brasil
Tange as cordas dos seus violões
E canta o teu canto de amor,
que vai fundo nos corações...
Autores: Silas de Oliveira, Mano Décio & Manuel Ferreira
Ôôôô
Liberdade, Senhor
Passava noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a Abolição
A independência laureando o seu brasão
Ao longe, soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ôôôô