17 de fevereiro de 2016 Artist Image

João Bosco – 1973

  • Tristeza de uma embolada

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Dentre as mentiras da vida
    duas nos revelam mais:
    - É um prazer conhece-lo.
    - Era muito bom rapaz.
    Eu vou é sair de trás da mesa
    espiar que é que tem ali de baixo.
    Se eu for embora
    vou deixar a luz acesa
    e se voltar
    não limpo os pés
    no seu capacho.
    Dizem que é fogo atingir
    com o meu estilingue
    as vidraças insensíveis
    do Shopping Center Building.
    Se você me perguntar
    o que é que eu acho
    mesmo que eu ache
    eu já digo que não acho.
    Enquanto brincam no gramado
    as moças chiques
    eu quero chuvas pra estragar o piquenique.
    Eu não provei aquele tipo de xarope
    que está por cima
    nas pesquisas do IBOPE:
    eu estou remando rio acima
    por prazer,
    não há nada a desculpar
    foi por querer.
    Me passe o sal
    pra botar na sobremesa
    o Grande Público
    cansou minha beleza.

  • Nada a desculpar

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Dentre as mentiras da vida
    duas nos revelam mais:
    - É um prazer conhece-lo.
    - Era muito bom rapaz.
    Eu vou é sair de trás da mesa
    espiar que é que tem ali de baixo.
    Se eu for embora
    vou deixar a luz acesa
    e se voltar
    não limpo os pés
    no seu capacho.
    Dizem que é fogo atingir
    com o meu estilingue
    as vidraças insensíveis
    do Shopping Center Building.
    Se você me perguntar
    o que é que eu acho
    mesmo que eu ache
    eu já digo que não acho.
    Enquanto brincam no gramado
    as moças chiques
    eu quero chuvas pra estragar o piquenique.
    Eu não provei aquele tipo de xarope
    que está por cima
    nas pesquisas do IBOPE:
    eu estou remando rio acima
    por prazer,
    não há nada a desculpar
    foi por querer.
    Me passe o sal
    pra botar na sobremesa
    o Grande Público
    cansou minha beleza.

  • Boi

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Boi-bumbá
    o rei do congado quem vai eleger
    eh! Boi
    marcado, arriado por meu canjerê,
    o boi foi todo enfeitado
    e passado pra trás.
    Boi-bumbá
    Exu, boitatá, curupira
    entregando o boi,
    cobra jararaca na mata
    espreitando o boi
    que não sabe o que faz.
    O planalto quieto
    recorta uma loura assombração
    lançando a tocha rubra
    nos campos de algodão.
    O incêndio estala e cresce
    nas entranhas do sertão.
    Dispersa o gado morro abaixo
    ¾ cada um por si.
    depois, o ouro baço
    o boi de bruços no arraial
    de beiço murcho, a junta mole.
    Corumbá!
    E! E! boi
    o canto do aboio é agouro ruim.
    E! boi
    o gado se esquece com pouco capim
    um boi, barroso, retardo, não vai se fechar.
    E! E! boi
    rebenta o cercado
    e guerreia por teu lugar
    ou tomba no fundo das águas de Guajará.
    Bumba-meu-boi-bumbá!

  • Angra

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Angra desolada, dia que não raia
    Barcos submersos, rochas de atalaia.
    Redes agonizam pelo chão da praia,
    Lemes submissos, dia que não raia azul.
    Nuvens de ameaça, lua prisioneira.
    Águas assassinas, chuva carpideira.
    Volta ao porto o corpo morto
    De outro moço:
    Cruz de carne e osso
    Que tentou fugir no mar.
    Asas invisíveis sobre o meu silêncio
    Facas dirigidas contra o que eu não tento,
    E hoje o mar de Angra
    Sangra dos meus olhos
    Precipício aberto
    De onde me arrebento.

  • Quilombo

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Cama arruma a cama arruma a cama
    Cama arruma a cama arruma a cama
    Cana apanha a cana apanha a cana
    Cana apanha a cana apanha a cana
    Trama arruma a trama arruma a trama
    Trama arruma a trama arruma a trama
    Tranca arromba a tranca arromba a tranca
    Tranca arromba a tranca arromba a tranca
    Zanga atiça a zanga atiça a zanga
    Zanga atiça a zanga atiça a zanga
    Fogo ateia o fogo ateia o fogo
    Fogo ateia o fogo ateia o fogo
    Ponta afia a ponta afia a ponta
    Ponta afia a ponta afia a ponta
    Canto apruma o canto apruma o canto
    Canto apruma o canto apruma o canto.
    os soldados vem buscá
    os esclavo do sinhô
    é preciso se cuidá
    cum ataque do invasor
    garra prá lutá
    fossa pá cavá
    lenha pá acendê
    ramo pá cortá
    fio pá tecê
    arco pá fazê
    pedra pá jogá
    faca pá amolá
    água pá fervê
    vamos disfarçar vamos preparar vamos devolver
    eh camacana eh camacana eh camacana eh
    eh tramatranca eh tramatranca eh tramatranca eh
    eh zangafogo eh zangafogo eh zangafogo eh
    eh pontacanto eh pontacanto eh pontacanto eh

  • Bala com bala

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    A sala cala e o jornal prepara quem está na sala
    Com pipoca e com bala ¾ e o urubu sai voando
    O tempo corre e o suor escorre, vem alguém de porre
    Há um corre-corre, e o mocinho chegando, dando.
    Eu esqueço sempre nesta hora (linda, loura)
    Minha velha fuga em todo impasse;
    Eu esqueço sempre nesta hora (linda loura)
    Quanto me custa dar a outra face.
    O tapa estala no balacobaco e é fala com fala
    E é bala com bala e o galã se espalhando, dando.
    No rala-rala quando acaba a bala é faca com faca
    É rapa com rapa e eu me realizando, bambo.
    Quando a luz acende é uma tristeza (trapo, presa),
    Minha coragem muda em cansaço.
    Toda fita em série que se preza (dizem, reza)
    Acaba sempre no melhor pedaço.

  • Bernardo o eremita

    Autores: João Bosco, Aldir Blanc & Cláudio Tolomei

    E! o chora-maré
    o canta-maré,
    quem vai te encantar?
    E! goiamum,
    Sexta da Paixão..
    E! olha a palma, o pé.
    Não é peixe, ou é?
    O garrancho é rei
    mangue pra rei
    não põe luto não.
    Mas tu tá com quem?
    Vai contar pra quem?
    E com quem contar,
    grilado e só
    nesse misere?
    Vão gozar p quê?
    Vai viver de quê?
    quando engrossar
    quem vai lembrar
    de te socorrer?
    Quando passar mal
    quem que vai entrar
    nesse lodaçal cara de pau
    que te acomodou?
    Quando tu morrer
    entre limo e sal,
    só vão comentar:
    "É o tal que quis
    (a!) sobreviver".

  • Quem Será?

    Autores: João Bosco, Aldir Blanc & Paulo Emílio

    O saci tém pé
    o porão tem pó
    São João, baião.
    O cordão tem nó
    a mulher xodó
    e o luar dragão.
    O pardal tem par
    curió tem cor
    mas tem alçapão.
    O banzé tem luz
    Cristo teve a cruz
    capataz, patrão.
    Mas no punhal,
    escuridão:
    vem dali, não vi, foi lá
    Tem um homem morto,
    quem será?
    Louco animal
    foge ao luar,
    sinto o coração gelar:
    uma gargalhada,
    quem será?

  • Fatalidade (balconista teve instantânea)

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Pela pista fatal da Avenida Brasil
    Ela volta e tem direito
    A um metro de passagem.
    Com um filho na barriga
    De que lado da avenida
    Ficará a vida dela:
    Luz lilás, arrependida,
    Ou sumida na favela?
    De um lado da pista
    Da Avenida Brasil
    Ficou a infância
    Nas poças de chuvas,
    Ficou a pureza
    De um jeito esquisito
    No chão e no corpo
    De um mata-mosquito.
    Do lado contrário da pista fatal
    Ficou o irmão
    Um homem tão sério
    Crivado de bala
    Em flagrante adultério.
    Na pista fatal da Avenida Brasil
    Se cumpra o destino desta balconista:
    Corpo atropelado
    Se cumpre sem lado no meio da pista.
    No fim da promessa
    A verdade de m dia
    De que aquele amor jamais acabaria
    Como o cheiro de podre daquela avenida
    Como o brilho de fogo
    Da refinaria.

  • Alferes

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Alferes, Vila Rica em sombras
    Espera pelo batizado,
    E a derrama pesa sobre as lajes e a procissão.
    Vila Rica reza rente aos muros da guarnição.
    O por do sol apagou os sinos:
    Dez vidas dar.
    Ai Marília, as liras e o amor
    Ninguém consegue enforcar
    E a mesma voz virá
    De muito além do desterro e do sal,
    Mais do que foi.
    Alferes, Ouro Preto em sombras
    Espera pelo batizado,
    Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
    Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
    Raios de sol brilharão nos sinos:
    Dez vias dar;
    Ai Marília, as liras e o amor
    Não posso mais sufocar
    E a minha voz irá
    Pra muito além do desterro e do sal,
    Maior que a voz do rei.

  • Amom Rá e o Cavalo de Tróia

    Autores: João Bosco & Paulo Emílio

    Amon, Rá, Amem pai
    Que dia de festa de rei.
    Abriu sol, abriu céu
    Quem março melaço que fez.
    A mesa de gala.
    A pompa da sala.
    O vinho escorre
    Na ponta da faca (há há há há heim)
    A pata afunda
    Empina, galopa
    Rebola, revira
    Relincha risonha
    (arreia rá brida do meu cavalo).
    Amom Rá, Amém pai
    Que demo gracinha de rei.
    Amainai, animai
    A festa não deve acabar
    O lombo dourado
    A taça cruzada
    A perna de fora
    Espada de lado (há há há há heim)
    Corneta calada
    Vigia tombado
    O riso, o beijo
    O sono e a morte
    (arreia rá sela do meu cavalo)
    (arreia rá sela do meu cavalo)
    Deixa, espera, vem, vai, agora, vai...
    Vai chegar, vai chegar.
    O cavalo novo vai chegar
    O cavalo novo já vem lá
    O cavalo novo sem rei
    Repele, rebate
    Resiste, combate
    Recebe, revida
    Acaba com baile (há há há há heim)
    A mula, o asno
    A besta, o burro
    O fogo, a fuga
    O grifo da fera.
    Depressa acabou a festa da cavalada ...

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