18 de setembro de 2017 Artist Image

Obrigado gente – 2006

  • Incompatibilidade de Gênios

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Dotô,
    jogava o Flamengo, eu queria escutar.
    Chegou,
    mudou de estação, começou a cantar.
    Tem mais,
    um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
    sem dó,
    falou que por ela eu podia cegar.
    Se eu dou
    um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
    bastou,
    durante dez noites me faz jejuar.
    Levou
    as minhas cuecas prum bruxo rezar.
    Coou
    meu café na café na calça pra mês segurar.
    Se eu to
    Devendo dinheiro e vêm me cobrar,
    dotô,
    a peste abre a porta e ainda manda sentar.
    Depois,
    se eu mudo de emprego que é pra melhorar,
    vê só,
    convida a mãe dela pra ir morar lá.
    Doto,
    se eu peço feijão, ela deixa salgar.
    Calor,
    mas veste casaco pra me atazanar.
    E ontem,
    Sonhando comigo, mandou eu jogar
    no burro
    e deu na cabeça a centena e o milhar.

  • Odilê, odilá

    Autores: Martinho da Vila & João Bosco

    Odilê, odilá
    O que vem fazer aqui meu irmão
    Vim sambar
    Ô di lê, ô di lá
    Que vem fazer aqui meu irmão
    Vim sambar, obá
    Entra na corrente
    Corpo, mente
    Coração, pulmão
    Pra junto com a gente viajar
    Na energia-som
    Que veio de longe atravessou raio e trovão
    Pra cair no samba e receber a vibração
    Odilê, odilá...
    Com a negrada do Harlem Jesus Cristo
    Também vem
    E pra sair do transe só com sino de Belém
    Que faz romaria e procissão, samba também
    E quem ta comigo, ta com o povo do além
    Odilê, odilá...
    Quem samba, se sobe tem combá tem furufim
    Teve um olho d´água
    E um sorrido de marfim
    Se volta beijada é pigmeu ou curumim
    Vira um preto velho pra sambar com a gente assim
    Odilê, odilá...
    Preta velha bate pé, bate colhe levanta pó
    Dá marafo pro Odilê e solta logo seu gogó
    Odilá de madrugada nem sem viola ta só
    Pois ta com axá da velha nega preta sua vó
    Odilê, odilá...

  • O ronco da cuíca

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Roncou, roncou,
    roncou de raiva a cuíca,
    roncou de fome ...
    alguém mandou,
    mandou parar.
    - A cuíca é coisa dos home.
    A raiva dá pra parar, pra interromper.
    A fome não dá pra interromper.
    A fome e a raiva é coisa dos home.
    A fome tem que ter raiva pra interromper.
    A raiva é a fome de interromper.
    A fome e a raiva é coisa dos home,
    é coisa dos home,
    é coisa dos home,
    a raiva e a fome
    mexendo a cuíca
    vai ter que roncar.

  • Quilombo/Tiro de misericórdia

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Cama arruma a cama arruma a cama
    Cama arruma a cama arruma a cama
    Cana apanha a cana apanha a cana
    Cana apanha a cana apanha a cana
    Trama arruma a trama arruma a trama
    Trama arruma a trama arruma a trama
    Tranca arromba a tranca arromba a tranca
    Tranca arromba a tranca arromba a tranca
    Zanga atiça a zanga atiça a zanga
    Zanga atiça a zanga atiça a zanga
    Fogo ateia o fogo ateia o fogo
    Fogo ateia o fogo ateia o fogo
    Ponta afia a ponta afia a ponta
    Ponta afia a ponta afia a ponta
    Canto apruma o canto apruma o canto
    Canto apruma o canto apruma o canto.
    os soldados vem buscá
    os esclavo do sinhô
    é preciso se cuidá
    cum ataque do invasor
    garra prá lutá
    fossa pá cavá
    lenha pá acendê
    ramo pá cortá
    fio pá tecê
    arco pá fazê
    pedra pá jogá
    faca pá amolá
    água pá fervê
    vamos disfarçar vamos preparar vamos devolver
    eh camacana eh camacana eh camacana eh
    eh tramatranca eh tramatranca eh tramatranca eh
    eh zangafogo eh zangafogo eh zangafogo eh
    eh pontacanto eh pontacanto eh pontacanto eh

  • Escadas da Penha

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Nas escadas da Penha
    Penou no cotoco de vela
    Velou a doideira da chama
    Chamou o seu anjo-de-guarda
    Guardou o remorso num canto
    Cantou a mentira da nega
    Negou o ciúme que mata
    Matou o amigo de ala.
    Tá lá
    Tá lá o valete
    No meio das cartas
    No jogo dos búzios,
    Tá lá no risco da pemba,
    No giro da pomba,
    No som do atabaque,
    Tá lá.
    E tá no cigarro, no copo de cana
    Na roda de samba, tá lá
    Nos olhos da nega na faca do crime
    No caco do espelho no gol do seu time...
    Tá lá o amigo de ala
    O amigo de ala
    Matou o ciúme que mata
    Negou a mentira da nêga
    Cantou o remorso num canto
    Guardou o seu anjo-de-guarda
    Chamou a doideira da chama
    Velou no cotoco da vela
    Penou nas Escadas da Penha

  • Desenho de giz

    Autores: João Bosco & Abel Silva

    Quem quer viver um amor
    Mas não quer suas marcas
    Qualquer cicatriz
    Ah, ilusão, o amor
    Não é risco na areia
    Desenho de giz
    Eu sei que vocês vão dizer
    A questão é querer
    Desejar, decidir
    Aí, diz o meu coração
    Que prazer tem bater
    Se ela não vai ouvir
    Aí minha boca me diz
    Que prazer tem sorrir
    Se ela não me sorrir também
    Quem pode querer ser feliz
    Se não for por um bem
    De amor
    Eu sei que vocês vão dizer
    A questão é querer
    Desejar, decidir
    Aí diz o meu coração
    Que prazer tem bater
    Se ela não vai ouvir
    Cantar, mas me digam pra quê
    E o que vou sonhar
    Só querendo escapar à dor
    Quem pode querer ser feliz
    Se não for por amor

  • Memória da pele

    Autores: João Bosco & Waly Salomão

    Eu já esqueci você tento crer
    seu nome sua cara seu jeito seu odor
    sua casa sua cama seu suor
    Eu pertenço à raça da pedra dura
    Quando enfim juro que esqueci
    quem se lembra de você em mim em mim
    não sou eu, sofro e sei
    não sou eu, finjo que não sei, não sou eu
    Sonho bocas que murmuram
    tranço em pernas que procuram, enfim...
    Não sou eu, sofro e sei
    Quem se lembra de você em mim, eu sei...
    Bate é na memória da minha pele
    Bate é no sangue que bombeia na minha veia
    Bate é no champagne que borbulhava na sua taça
    e que borbulha agora na taça da minha cabeça
    Eu já esqueci você, tento crer
    nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
    sugo sempre, busco sempre a sonhar em vão
    cor vermelha sua boca
    coração.

  • 08 Jade
    Lyrics
    Jade

    Autores: João Bosco

    Aqui meu irmão
    Ela é coisa rara de ver
    É jóia do Xá
    Retina de um mar
    De olhar verde já derramante
    - Abriu-se Sézamo em mim!
    Ah, meu irmão
    Áqualouca tara que tem imã
    Mergulha no ar
    Me arrasta, me atrai
    Pro fundo do oceano que dá
    Pra lá de Babá
    Pra cá de Ali...
    Pedra que lasca seu brilho
    E queima no lábio
    Um quilate de mel
    E que deixa na boca melante
    Um gosto de língua no céu
    Luz, talismã
    Misterioso Cubanacã
    Delicia sensual de Maça
    Saborosa Manhã...
    Vou te eleger
    Vou me despejar de prazer
    Essa noite o que mais quero é ser
    Mil e um pra você.

  • Saída de emergência

    Autores: João Bosco, Antônio Cícero & Waly Salomão

    Dia e noite
    (como posso)
    explicar
    meu bem?)
    busco a saída
    de emergência
    sem achar
    Sem ao menos
    escutar você mentir
    como é que eu posso conseguir
    dormir?
    Na vida que tracei
    alguns meses atrás
    já não cabia cataclismas mais
    Sua boca
    tem um jeito
    de fundir
    o mais profundo
    ao superficial
    Nos seus olhos
    e maneira
    de sorrir
    eu vi
    o impossível
    o possível
    o real
    Sem ao menos escutar você mentir pra mim
    me diz meu bem
    como é que eu faço pra dormir?

  • Prêt-à-porter de tafetá

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Pagode em Cocotá
    Via a nega rebolá
    Num preta-porter de tafetá
    Beijei meu patuá
    Ói, samba, Oi, ulalá
    Mé carrefour, o randevú vai começa

    Além de me empurrá
    "Kes que sê, tamanduá?
    Purquá jé suí du zanzibar"

    Aí, eu me criei: pás de bafo, meu bombom
    Pra que zanga?
    Sou primo do Villegagon
    Voalá e çavá, patati, patatá
    Boulevar, sarava, vim da Praça Mauá
    Dendê, matinê, bambolê
    Encaçapo você.

    Taí, seu Mitterrand
    Marcamos pra amanhã em Paquetá
    Num flamboyant em fleur
    Onde eu vou ter colher.

    Pompadú? Zulu
    Manjei toa bocú!...

  • Benzetacil

    Autores: João Bosco & Francisco Bosco

    Tem dor de dente, dor-de-cotovelo
    Tem dor em tudo que é lugar
    Dor de barriga, asia, queimação
    Tem a dor-de-facão
    Mais conhecida por “de veado”
    Calo, nó, tostão ou dor muscular
    E bico-de-papagaio
    Dor de cabeça, sinusite, febre
    Cólica, enxaqueca, mas vai melhorar, porque
    Pra toda dor existe um bom remédio
    Toma, deita, espera, tenta esquecer

    Mas na verdade tenho que dizer
    Tem uma dor tão vil
    Que dói só de pensar
    Você não sabe amigo o que é levar
    Um Benzetacil naquele lugar
    Ai, ai, ai…

    Esparadrapo, calminex, gelo
    Boldo, sal de frutas, cafuné de mãe, não tem
    Nenhum remédio pra essa dor maldita
    Vira, abaixa as calça, entrega a Deus e amém

  • Linha de Passe

    Autores: João Bosco, Paulo Emílio & Aldir Blanc

    Toca de tatu, lingüiça e paio, boi zebú,
    rabada com angú, rabo de saia.
    Naco de perú, lombo de porco com tutu
    e bolo de fubá, barriga d´água.
    Há um diz que tem e no balaio tem também
    um som bordão bordando o som, dedão, violação.
    Diz um diz que viu e no balaio viu também
    um pega lá no toma lá dá cá do samba.
    Caldo de feijão, um vatapá, um coração.
    Boca de siri, um namorado, um mexilhão.
    Água de benzê, linha de passe, um chimarrão,
    Babaluaê, rabo de arraia e confusão...
    Valeu, valeu, Dirceu do seu gato deu...
    Cana e cafuné, fandango e cassulê,
    sereno e pé no chão, bala, candomblé,
    e meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão.
    Já era a Tirolesa, o Garrincha, a Galeria,
    a Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
    rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau,
    e lá vem Portellas que nem Marquês de Pombal.
    Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval,
    Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs,
    meu pirão primeiro é muita marmelada,
    puxa-saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
    e a pedalada quebra outro nariz,
    na cara do juiz.
    Aí, há quem faça uma cachorrada
    E fique na banheira, ou jogue pra torcida,
    Feliz da vida.

  • Corsário

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Meu coração tropical
    está coberto de neve, mas,
    ferve em seu cofre gelado
    e a voz vibra e a mão escreve: mar.
    Bendita a lâmina grave
    que fere a parede e trás
    as febres loucas e breves
    que mancham o silêncio e o cais.

    Roseirais! Nova Granada de Espanha!
    Por você, eu, teu corsário preso
    vou partir a geleira azul da solidão
    e buscar a mão do mar,
    me arrastar até o mar,
    procurar o mar.

    Mesmo que eu mande em garrafas
    mensagens por todo o mar,
    meu coração tropical
    partirá esse gelo e irá
    com as garrafas de náufrago...
    e as rosas partindo o ar!
    Nova Granada de Espanha
    e as rosas partindo o ar!

  • O bêbado e a equilibrista

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Caía
    a tarde feito um viaduto
    e um bêbado trajando luto
    me lembrou Carlitos.
    A lua,
    tal qual a dona do bordel,
    pedia a cada estrela fria
    um brilho de aluguel.
    E nuvens,
    lá no mata-borrão do céu,
    chupavam manchas torturadas
    - que sufoco!
    Louco,
    o bêbado com chapéu-côco
    fazia irreverências mil
    pra noite do Brasil, meu Brasil
    que sonhava com a volta do irmão do Henfil,
    com tanga gente que partiu
    num rabo-de-foguete.
    Chora a nossa pátria, mãe gentil,
    Choram Marias e Clarisses
    no solo do Brasil.
    Mas sei que uma dor assim pungente
    não há de ser inutilmente,
    a esperança, dança
    na corda-bamba de sombrinha
    em cada passo dessa linha
    pode se machucar.
    Azar! A esperança equilibrista
    sabe que o show de todo artista
    tem que continuar.

  • Quando o amor acontece

    Autores: João Bosco & Abel Silva

    Coração
    Sem perdão
    Diga, fale por mim
    Quem roubou toda minha alegria
    (o amor me pegou)
    Me pegou pra valer
    Aí que a dor do querer
    Muda o tempo e a maré
    Vendaval sobre o mar azul
    Tantas vezes chorei
    Quase desesperei
    E jurei nunca mais seus carinhos
    (ninguém tira do amor)
    Ninguém tira, pois é
    Nem doutor, nem pajé
    O que queima e seduz, enlouquece:
    O veneno da mulher
    O amor quando acontece
    A gente esquece logo
    Que sofreu um dia
    Ilusão
    O meu coração marcado
    Tinha um nome tatuado
    Que ainda doía
    Pulsava só a solidão
    O amor quando acontece
    A gente esquece logo
    Que sofreu um dia
    Esquece sim
    Quem manda chegar tão perto
    S era certo outro engano
    Coração cigano
    Agora eu choro assim

  • Papel machê

    Autores: João Bosco & Capinam

    Cores do mar
    Festa do sol

    Vida é fazer
    Todo sonho brilhar
    Ser feliz

    No teu colo dormir
    E depois acordar
    Sendo seu colorido brinquedo de papel marche

    Dormir no teu colo
    É tornar a nascer
    Violeta e azul

    Outro ser
    Luz do querer

    Não vai desbotar
    Lilás cor do mar
    Seda cor de batom
    Arco-íris crepom
    Nada vai desbotar
    Brinquedo de papel marché.

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