18 de setembro de 2017 Artist Image

Songbooks III

  • Bijuterias - Burnier,Cartier,Ed Motta

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Em setembro,
    se Vênus ajudar,
    virá alguém.
    Eu sou de Virgem
    e só de imaginar
    me dá vertigem...
    Minha pedra é a ametista,
    minha cor, o amarelo,
    mas sou sincero:
    necessito ir urgente ao dentista.
    Tenho alma de artista
    e tremores nas mãos.
    Ao meu bem mostrarei
    no coração
    um sobre e uma ilusão.
    Eu sei:
    na idade em que estou
    aparecem os tiques, as manias,
    transparentes
    feito bijuterias
    pelas vitrines
    da Sloper da alma.

  • Jade - Pedro Mariano

    Autores: João Bosco

    Aqui meu irmão
    Ela é coisa rara de ver
    É jóia do Xá
    Retina de um mar
    De olhar verde já derramante
    - Abriu-se Sézamo em mim!
    Ah, meu irmão
    Áqualouca tara que tem imã
    Mergulha no ar
    Me arrasta, me atrai
    Pro fundo do oceano que dá
    Pra lá de Babá
    Pra cá de Ali...
    Pedra que lasca seu brilho
    E queima no lábio
    Um quilate de mel
    E que deixa na boca melante
    Um gosto de língua no céu
    Luz, talismã
    Misterioso Cubanacã
    Delicia sensual de Maça
    Saborosa Manhã...
    Vou te eleger
    Vou me despejar de prazer
    Essa noite o que mais quero é ser
    Mil e um pra você.

  • O ronco da cuíca - Lenine

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Roncou, roncou,
    roncou de raiva a cuíca,
    roncou de fome ...
    alguém mandou,
    mandou parar.
    - A cuíca é coisa dos home.
    A raiva dá pra parar, pra interromper.
    A fome não dá pra interromper.
    A fome e a raiva é coisa dos home.
    A fome tem que ter raiva pra interromper.
    A raiva é a fome de interromper.
    A fome e a raiva é coisa dos home,
    é coisa dos home,
    é coisa dos home,
    a raiva e a fome
    mexendo a cuíca
    vai ter que roncar.

  • Tiro de misericórdia - Sandra de Sá

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    O menino cresceu entre a ronda e a cana
    correndo nos becos que nem ratazana.
    Entre a punga e o afano, entre a carta e a ficha
    subindo em pedreira que nem lagartixa.
    Borel, Juramento, Urubu, Catacumba,
    nas rodas de samba, no eró da macumba.
    Matriz, Querosene, Salgueiro, Turano,
    Mangueira, São Carlos, menino mandando,
    ídolo de poeira, marafo e farelo,
    um deus de bermuda e pé-de-chinelo,
    imperador dos morros, reizinho nagô,
    o corpo fechado por babalaôs.

    Baixou Oxolufã com as espadas de prata,
    com sua coroa de escuro e de vício.
    Baixou Cão-Xangô com o machado de asa,
    com seu fogo brabo nas mãos de corisco.
    Ogunhê se plantou pelas encruzilhadas
    Com todos seus ferros, com lança e enxada.
    E Oxossi com seu arco e flecha e seus galos
    e suas abelhas na beira da mata.
    E Oxum trouxe pedra e água da cachoeira
    em seu coração de espinhos dourados.
    Iemanjá, o alumínio, as sereias do mar
    e um batalhão de mil afogados.

    Iansã trouxe as almas e os vendavais,
    adagas e ventos, trovões e punhais.
    Oxum-Maré largou suas cobras no chão.
    Soltou sua trança, quebrou o arco-íris.
    Omulu trouxe o chumbo e o chocalho de guizos
    lançando a doença pra seus inimigos.
    E Nana-Buruquê trouxe a chuva e a vassoura
    Pra terra dos corpos, pro sangue dos mortos.

    Exus na capa da noite soltara a gargalhada
    e avisaram a cilada pros Orixás.
    Exus, Orixás, menino, lutaram como puderam
    mas era muita matraca e pouco berro.
    E lá no horto maldito, no chão do Pendura-Saia,
    Zumbi menino Lumumba tomba da raia
    mandando bala pra baixo contra as falanges do mal,
    arcanjos velhos, coveiros do carnaval.

    - Irmãos, irmãs, irmãozinhos,
    por que me abandonaram?
    Por que nos abandonamos
    em cada cruz?

    - Irmãos, irmãs, irmãozinhos,
    nem tudo está consumado.
    A minha morte é só uma:
    Ganga, Lumumba, Lorca, Jesus...

    Grampearam o menino do corpo fechado
    e barbarizaram com mais de cem tiros.
    Treze anos de vida sem misericórdia
    e a misericórdia no último tiro.

    Morreu como um cachorro e gritou feito um porco
    depois de pular igual a macaco.
    Vou jogar nesses três que nem ele morreu:
    num jogo cercado pelos sete lados.

  • Desenho de giz - Djavan

    Autores: João Bosco & Abel Silva

    Quem quer viver um amor
    Mas não quer suas marcas
    Qualquer cicatriz
    Ah, ilusão, o amor
    Não é risco na areia
    Desenho de giz
    Eu sei que vocês vão dizer
    A questão é querer
    Desejar, decidir
    Aí, diz o meu coração
    Que prazer tem bater
    Se ela não vai ouvir
    Aí minha boca me diz
    Que prazer tem sorrir
    Se ela não me sorrir também
    Quem pode querer ser feliz
    Se não for por um bem
    De amor
    Eu sei que vocês vão dizer
    A questão é querer
    Desejar, decidir
    Aí diz o meu coração
    Que prazer tem bater
    Se ela não vai ouvir
    Cantar, mas me digam pra quê
    E o que vou sonhar
    Só querendo escapar à dor
    Quem pode querer ser feliz
    Se não for por amor

  • O mestre-sala dos mares-Martnho da Vila, J.Bosco

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Há muito tempo
    Nas águas da Guanabara
    O dragão do mar reapareceu
    Na figura de um bravo feiticeiro
    A quem a história não esqueceu
    Conhecido como o navegante negro
    Tinha a dignidade de um mestre-sala
    E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
    Foi saudado no porto
    Pelas mocinhas francesas
    Jovens polacas e por batalhões de mulatas
    Rubras cascatas
    Jorravam das costas dos santos
    Entre cantos e chibatas
    Inundando o coração
    Do pessoal do porão
    Que a exemplo do feiticeiro
    Gritava então:
    Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
    Glória à farofa, à cachaça, às baleias
    Glória a todas as lutas inglórias
    Que através da nossa história
    Não esquecemos jamais
    Salve o navegante negro
    Que tem por monumento
    As pedras pisadas do cais
    Mas salve
    Salve o navegante negro
    Que tem por monumento
    As pedras pisadas do cais
    Mas faz muito tempo...

  • Boca de sapo - Zeca Pagodinho

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Costurou na boca do sapo
    um resto de angu
    - a sobra do prato que o pato deixou.
    Depois deu de rir feito Exu Caveira:
    marido infiel vai levar rasteira. Bis
    E amarrou s pernas do sapo
    com a guia de vidro
    que ele pensava que tinha perdido.
    Depois deu de rir feito Exu Caveira:
    marido infiel vai levar rasteira. Bis
    Tu tá branco, Honorato, que nem cal,
    murcho feito o sapo, Honorato,
    no quintal.
    Do deu riso, Honorato, nem sinal.
    Se o sapo dança, Honorato,
    tu babau.
    Definhou e acordou com um sonho
    contando a mandiga,
    e falou pra doida: meu santo me vinga.
    Mas ela se riu feito Exu Caveira:
    marido infiel vai levar rasteira. Bis
    E implorou: "Patroa, perdoa.
    Eu quero viver.
    Afasta meus olhos de Obaluaiê".
    Mas ela se riu feito Exu Caveira:
    marido infiel vai levar rasteira. Bis
    Ta virando, Honorato, varapau,
    seco o sapo, Honorato,
    no quintal.
    Figa, reza, Honorato, o escambau.
    nada salva o sapo, Honorato,
    desse mal.

  • Papel machê- Paula Toller

    Autores: João Bosco & Capinam

    Cores do mar
    Festa do sol

    Vida é fazer
    Todo sonho brilhar
    Ser feliz

    No teu colo dormir
    E depois acordar
    Sendo seu colorido brinquedo de papel marche

    Dormir no teu colo
    É tornar a nascer
    Violeta e azul

    Outro ser
    Luz do querer

    Não vai desbotar
    Lilás cor do mar
    Seda cor de batom
    Arco-íris crepom
    Nada vai desbotar
    Brinquedo de papel marché.

  • Falso brilhante - Nana Caymmi

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    O amor
    é um falso brilhante.
    O amor
    é um disparate.
    Na mala do mascate
    macacos tocam tambor.
    O amor
    é um mascarado:
    a patada da fera
    na cara do domador.
    O amor
    sempre foi o causador
    da queda da trapezista
    pelo motociclista
    do globo da morte.
    O amor é de morte.
    Faz a odalisca atear fogo às vestes
    e o dominó beber água-raz.
    O amor é demais.
    Me fez pintar os cabelos,
    me fez dobrar os joelhos,
    me faz tirar coelhos
    da cartola surrada da esperança.
    O amor é uma criança.
    E o mesmo diante da hora fatal
    o amor
    me dará forças
    pro grito de carnaval,
    pro canto do cisne,
    pra gargalhada final.

  • Senhoras do Amazonas - Guinga, Leila Pinheiro

    Autores: João Bosco & Belchior

    Rio, vim saber de ti e vi.
    Vi teu tropical sem fim
    quadrou de ser um mar.
    Longe Anhangá!
    Tantas cunhãs e eu curumim!
    O uirapuru
    (oh! lua azul!)
    cantou pra mim!
    Rio, vim saber de ti, meu mar
    Negro maracá jarí
    Pará, Paris jardim
    Muiraquitãs,
    tantas manhãs - nós no capim!
    Jurupari
    (oh! Deus daqui!)
    jurou assim:
    - Porque fugir se enfim me queres!
    Só me feriu como me feres
    a mais civilizada das mulheres!
    Senhoras do Amazonas que sois
    donas dos homens e das setas,
    porque já não amais vossos poetas?

  • Sábios costumam mentir - Jussara e Luiz Brasil

    Autores: João Bosco, Antônio Cícero & Waly Salomão

    Estrelas no escuro
    e fenômenos do vir-a-ser
    que os deuses me invejem
    eu dou tudo por mero prazer
    Pois o excesso de felicidade
    bem do princípio do amor
    quando o amor é fatal
    quando é fatal
    mata os deuses de inveja
    de um simples mortal
    Que são o futuro e o passado
    a saudade e a esperança
    o amor nos convida à viagem
    agora e aqui
    Quando você me inflama
    o foco da imaginação
    vejo como é relativo
    o poder da razão enfim
    Sábios costumam mentir
    isso por força do amor por você aprendi
    Não pe que eu ame apesar
    do absurdo de amar
    mas justamente
    porque é absurdo sem par
    Que são o futuro e o passado
    a saudade e a esperança?

  • Enquanto espero - Ney Matogrosso

    Autores: João Bosco & Francisco Bosco

    ENQUANTO ESPERO ACONTECER
    ENQUANTO ESPERO VER NO CAIS
    VOU DERRAMANDO SEM QUERER
    A FEBRE DOS MEUS AIS

    HÁ MUITO TEMPO AMOR
    QUE EU TRAGO DOR DENTRO DO PEITO
    HÁ MUITO TEMPO A COR
    DA SOLIDÃO TINGIU-ME O LEITO
    HÁ TANTO TEMPO ASSIM
    SÓ EU DENTRO DE MIM
    A PROCURAR POR NÓS
    E APENAS UMA VOZ
    RESPONDE ESTÃO AGORA
    O VAZIO E A SAUDADE A SÓS

    HÁ MUITO TEMPO AMOR
    QUE EU TE SUFOCO EM PENSAMENTO
    MAS QUANDO A NOITE CAI
    TRAZ TUA IMAGEM COMO UM VENTO
    FAZ TANTO FRIO AQUI
    SÓ EU DENTRO DE MIM
    A PROCURAR POR NÓS
    E APENAS UMA VOZ
    RESPONDE ESTÃO AGORA
    O VAZIO E A SAUDADE A SÓS

    NAVEGO UM MAR DE FADO AZUL
    ANGÚSTIA DE UM BOLERO
    VERSADO EM SOMBRAS, MEIA LUZ
    SOLUÇO NO MEU CANTO
    UMA CANÇÃO ENQUANTO ESPERO

    NAVEGO UM MAR DE FADO AZUL
    ANGÚSTIA DE UM BOLERO
    VERSADO EM SOMBRAS, MEIA LUZ
    SOLUÇO NO MEU CANTO
    UMA CANÇÃO ENQUANTO ESPERO

    ENQUANTO ESPERO ACONTECER
    ENQUANTO ESPERO VER NO CAIS
    VOU DERRAMANDO SEM QUERER
    A FEBRE DOS MEUS AIS

    NAVEGO UM MAR DE FADO AZUL
    ANGÚSTIA DE UM BOLERO
    VERSADO EM SOMBRAS, MEIA LUZ
    SOLUÇO NO MEU CANTO
    UMA CANÇÃO ENQUANTO ESPERO

  • Saída de emergência - Fátima Guedes, Nelson Faria

    Autores: João Bosco, Antônio Cícero & Waly Salomão

    Dia e noite
    (como posso)
    explicar
    meu bem?)
    busco a saída
    de emergência
    sem achar
    Sem ao menos
    escutar você mentir
    como é que eu posso conseguir
    dormir?
    Na vida que tracei
    alguns meses atrás
    já não cabia cataclismas mais
    Sua boca
    tem um jeito
    de fundir
    o mais profundo
    ao superficial
    Nos seus olhos
    e maneira
    de sorrir
    eu vi
    o impossível
    o possível
    o real
    Sem ao menos escutar você mentir pra mim
    me diz meu bem
    como é que eu faço pra dormir?

  • Dois pra lá, dois pra cá - Cauby Peixoto

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Sentindo frio em minh´alma
    Te convidei pra dançar
    A tua voz me acalmava:
    São dois pra lá, dois pra cá
    Meu coração traiçoeiro
    Batia mais que o bongô
    Tremia mais que as maracás
    Descompassado de amor
    Minha cabeça rodando
    Rodava mais que os casais
    O teu perfume gardênia
    E não me perguntes mais
    A tua mão no pescoço
    As tuas costas macias
    Por quanto tempo rondaram
    As minhas noites vazias
    No dedo um falso brilhante
    Brincos iguais ao colar
    E a ponta de um torturante
    Band-aid no calcanhar
    Eu hoje me embriagando
    De uísque com guaraná
    Ouvi tua voz murmurando:
    São dois pra lá, dois pra cá

  • Siri recheado e o cacete - Jards Macalé

    Autores: João Bosco & Aldir Blanc

    Sai com a patroa pra pescar
    no canal da Barra uns siris pra rechear
    siri como ela encheu de me avisar
    era o prato predileto do meu compadre Anescar
    levei arrastão e três puçás
    um de cabo outros dois de jogar
    de isca um sebo da véspera, e pra completar cachaça Iemanjá
    birita que dá garantia de ter maré cheia
    choveu siri do patola, manteiga, azulão, um camaleão,
    no tapa a minha patroa espantou três sereias.
    Na volta ônibus cheio o balde derramou
    em pleno coletivo um gato se encrespou
    o velho trocador até gritou: - não bebo mais!
    Siri passando em roleta, mesmo pra mim é demais!
    De medo o motorista perdeu a direção
    fez um golpe de vista, raspou num caminhão
    pegou um pipoqueiro, um padre, entrou num butiquim
    o português da gerência, quase voltou pra Almerim...
    Quiseram autuar nossos siris
    mas minha patroa subornou a guarnição
    então os cana-dura mais gentis
    levaram a gente e os siris pra casa na Abolição
    depois do "te logo", "um abração"
    fui botar os siris pra ferver
    dentro da lata de banha
    era um tal de chiar, pagava pra ver
    tranqüilo o compadre Anescar colocando o azeite
    foi um trabalho de cão, mas valeu o suor
    croquete, bobó, panqueca, siri recheado, fritada e o cacete.
    O Anescar chegou com uma de alambique
    me perguntou se eu era Mendonça ou Dinamite
    abri uma lourinha, trouxe um prato de croquete
    o Anescar mordeu um, feito que come gilete
    baixou minha patroa: Anesca, que qui há?
    O Anescar gemeu
    ¾ dieta de lascar
    o médico mandou que eu coma tudo que pintar
    até cerveja e cachaça
    menos os frutos do mar.

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